Ensino em Biociências e Saúde - IOC

Momento de celebrar. O dia 19 de dezembro foi marcado pela comemoração dos 20 anos de criação do Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (PGEBS/IOC/Fiocruz). 

Fundado em 2004, o Programa é o primeiro da Fiocruz inserido na área de ensino da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Em apenas duas décadas de atividades, conseguiu alcançar a nota máxima (conceito 7) na avaliação do órgão, o que representa qualidade de ensino de nível internacional. 

Com modalidades de mestrado acadêmico e doutorado, a Pós é voltada para a formação de educadores, professores e profissionais do ensino ou dos serviços de saúde, ciência e tecnologia para formulação, planejamento, desenvolvimento e avaliação de projetos de pesquisas, novas metodologias e produtos para educação em biociências e saúde. 

Para a coordenadora do curso, Clélia Christina Mello da Costa, a palavra ‘amor’ poderia resumir o histórico da EBS, como carinhosamente o Programa é chamado. 

“Se me pedissem para dizer uma palavra que sintetizasse o Programa, seria amor. Amor pelo ser humano, pelo ensino, pela educação, pela ciência, pelos profissionais da educação e da saúde, pelo ambiente e cultura. Enfim, amor pelo processo de ensino e aprendizagem, que é mágico. Sem a educação nós não somos nada”, disse emocionada durante a mesa de abertura do evento. 

A coordenadora aproveitou a oportunidade para frisar que a EBS é o único curso da Capes com linha de pesquisa em ciência e arte. Atualmente, possui 171 alunos matriculados e já formou 326 mestres e doutores ao longo das duas décadas. 

“Também temos a alegria de anunciar que iniciamos, nesse ano, curso de doutorado no Piauí. Onze alunos estão tendo aulas síncronas-remotas na Universidade Federal do Piauí e, em breve, o estado ganhará novos doutores”, contou. 

Presente à cerimônia, a coordenadora do Doutorado Interinstitucional (Dinter) em Ensino em Biociências e Saúde na Universidade Federal do Piauí, Lis Marinho Medeiros, comentou a parceria. 

"Costumo dizer que estar na Fiocruz, estar no Rio de Janeiro, é padrão ouro. E mesmo assim, vocês enfrentam muitas dificuldades. Imaginem, então, como são as coisas pra gente no Piauí, no nordeste. A parceria com a EBS é muito especial, pois veio para reforçar a qualidade do Ensino que ofertamos na Universidade”, disse.  

“É uma grande satisfação termos a colaboração de um Programa tão humano. Que nossos alunos desenvolvam vários produtos com aplicabilidade social e que ganhem muitos prêmios e reconhecimento”, completou. 

Fundadora, ex-coordenadora do Programa e atual diretora o IOC, Tania Araujo-Jorge, relembrou alguns fatos marcantes da criação da Pós. 

“A pesquisadora Virgínia Schall, que na época integrava uma comissão na Capes, comentou que era o momento de criarmos um curso Stricto sensu. Fizemos o planejamento e submissão da proposta em tempo recorde. Todo o processo contou com muito apoio do diretor da época, o Dr Renato Cordeiro, e da Presidência da Fiocruz”, lembrou.  

“O curso começou com 40 docentes de diferentes unidades da Fiocruz e de outras instituições. Foi um momento de quebra de paradigma, pois fugimos das áreas de conhecimento tradicionais do Instituto”, continuou. 

Segundo Tania, a Pós-graduação em Educação em Ciências e Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi uma das inspirações para a construção do curso.  

“Porém, lá só tinha curso de mestrado. Mas a EBS já nasceu com cursos de mestrado e doutorado. Então, de certa forma, alcançamos um outro patamar”, disse. 

A transdisciplinaridade da Pós em Ensino em Biociências e Saúde também foi destacada por Tania. 

“Uma das características singulares da EBS é a transdisciplinaridade. O Programa tem docentes com formações diversas e isso é presente desde o início. Nossa Pós também se destaca por ser o primeiro Programa a integrar docentes de várias unidades da Fiocruz desde a primeira turma”, relatou.  

A coordenadora dos Programas Stricto sensu da Fiocruz, Isabela Delgado, enalteceu o processo de construção de excelência no ensino oferecido pela EBS. 

“Sabemos que para um programa chegar a esse nível de sucesso é preciso muito trabalho coletivo e muito amor envolvido, como bem mencionou a Clélia. É muito bonito ver todo o esforço que o Programa tem feito para levar a EBS para além do Rio de Janeiro, em especial, com a recente inauguração do curso de doutorado no Piauí”, comentou. 

“Falando em excelência, gostaria de destacar a premiação de um trabalho desenvolvido no Programa na edição 2024 do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, oferecido pela Presidência da Fiocruz, e o início das ações de internacionalização com instituições de Portugal e da Espanha”, enumerou. 

Na sequência, três ex-coordenadores deixaram breves relatos e agradecimentos em relação aos anos de atuação à frente do Programa. 

“Recordo bem do primeiro processo seletivo do Programa. O auditório lotado de pessoas que queriam ingressar no curso. Eu não parava de pensar como seria possível dar conta de tanta entrevista”, destacou Júlio Viana Barbosa. 

“Fiquei como coordenador por um pouco mais de uma década. Se eu pudesse destacar uma palavra para descrever o curso seria diversidade. Essa palavra revela a nossa grande força. Temos diversidade de formação, diversidade de origem do corpo discente, com jornalistas, professores de educação física, profissionais da saúde e outros”, comentou Maurício Luz. 

“Entre 2012 e 2016 atuei na coordenação e nesse período passamos da nota 4 para a 5, foi muito gratificante fazer parte desse processo. Como docente, vivi de perto algumas dificuldades, como a pandemia de Covid-19, onde tivemos que nos reinventar. Só chegamos até aqui devido ao esforço de toda a comunidade EBS”, enfatizou Ricardo Waizbort. 

A cerimônia contou ainda com apresentação do diretor de Avaliação da Capes, Antonio Gomes Souza Filho. Ele abordou os desafios da Pós-graduação brasileira e o esquema de avaliação que será utilizado no período 2025 - 2028. 

“Tudo o que vi aqui hoje deixou bem clara a dimensão humana que está na raiz do Programa, o que não é comum. O Brasil e o mundo precisam de mais programas assim”, enalteceu o diretor logo no começo de sua fala. 

Antonio mostrou dados sobre o crescimento da Pós-graduação no país. Em 1970, o Brasil tinha 150 programas, em apenas 23 cidades. Atualmente, são mais de 4.600, distribuídos por mais de 320 municípios. 

“O Sistema Nacional de Pós-graduação cresceu quase que por demanda espontânea. Foram recebidas 1050 propostas de cursos novos em 2023 e 750 em 2024. O Brasil forma, em média, 90 mil mestres e doutores por ano. Mas é preciso expandir esse Sistema por meio de demanda induzida, com a criação de programas muito bem articulados com a sociedade”, disse. 

“Além disso, o ambiente da Pós-graduação precisa motivar o estudante a ser inovador, encorajando projetos criativos nas suas atividades, assim como incentivar a diversidade de conhecimento, tendo em vista que poucos profissionais mudam de área ao buscar ingressar no mestrado ou doutorado”, continuou. 

Sobre a avaliação realizada pela Capes, o diretor frisou que a carga regulatória da aferição não deve desvirtuar a atuação dos programas. Para o próximo ciclo, Antonio adiantou que a plataforma sucupira terá preenchimento automatizado.  

“Caberá aos programas apenas curadoria das informações, o que vai agilizar o processo”, comemorou. 

“Também vamos buscar incentivar a participação de jovens doutores no quadro de docentes nos programas, assim como a equidade, a diversidade, as boas práticas de pesquisa e a ciência aberta”, elencou. 

A apresentação completa pode ser assistida no vídeo abaixo: 

A programação também contou homenagens a discentes e docentes. Foram homenageados: Maria de Fátima Alves de Oliveira, Tânia Araujo-Jorge, Aimi Tanikawa (in memorian), Ana Maria Suárez (in memorian), Isac Macedo, Clelia Christina Mello-Silva, Daniel Gibaldi, Mariana Conceição de Souza e Rosana Meirelles.

As atividades incluíram, ainda, lançamento de livros e uma exposição trabalhos, iniciativas e produtos desenvolvidos no Programa.